CETAD UFBA

"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

Atenção a usuários de drogas é tema de debate

palestrantes.jpg O que tem feito e como a polícia, a mídia e os serviços de saúde encaram quando o assunto é o uso e tráfico de drogas? Esta foi a pergunta-chave que norteou as discussões da quarta edição do CAPS AD em Debate, evento promovido pela equipe do CAPS AD Pernambués, realizado no dia 14 de abril, no auditório da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Para responder inicialmente esta pergunta, o CAPS convidou o capitão Vaz, da Polícia Militar, o artista plástico Leonel Matos, a jornalista e professora da Faculdade de Comunicação da UFBa, Malu Fontes e o gerente do CAPS Gey Espinheira, João Martins, que fizeram as considerações iniciais para embasar o debate.

Repressão, Glamour e Superação

"Quando a cidade tem altos investimentos em repressão é sinal de que necessita de mais políticas de prevenção", afirmou o capitão Vaz, que defende que o assunto deve ser enfrentado na perspectiva da saúde pública, ainda que esta necessidade não tenha fácil aceitação social. "Numa ocorrência, não se tem como exigir que um policial tenha a técnica de avaliar as demandas e histórico do usuário e este conhecimento o ajudaria a não enxergar o usuário como um criminoso", avaliou Vaz.

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De acordo com Malu Fontes, o enfoque na marginalização é o que também predomina nos meios de comunicação.

Ela detalhou os enquadramentos típicos dos meios de comunicação sobre os usuários de droga e destacou três que são a demonização do usuário pobre e morador de favelas, a glamourização e transgressão dos jovens usuários de classe média e a também glamourização das histórias de superação de ex-usuários famosos.

A professora considera que a frequência destes enfoques corresponde sobretudo à falta de consciência crítica da população quanto aos meios de comunicação, consequência direta do acesso precário à educação formal de qualidade e a outros bens culturais, o que coloca os meios de comunicação na inadequada condição de "educadores".

"É preciso mudar o Olhar"

leonelmatos.jpg Já o artista plástico Leonel Matos atribui à mídia e, principalmente, ao sistema econômico excludente a responsabilidade pelo quadro atual de estigmatização dos usuários, sobretudo dos negros e pobres. "É preciso mudar o olhar", alertou o artista plástico, demonstrando preocupação quanto à forma como a questão vem sendo enfrentada atualmente.

À frente do CAPS AD Gey Espinheira, inaugurado em agosto de 2010, o psicólogo João Martins apresentou o que foi feito em termos de políticas públicas até hoje e considerou que o trabalho em rede, associado à estratégias de redução de danos e ações de promoção à saúde tem se mostrado o conjunto de ações mais eficaz para a prevenção ao uso indevido e o tratamento aos usuários.

Para ele, a questão extrapola os limites da área da saúde pública e deve ser tratada de maneira intersetorial, mas também ressalta a importância do enfoque na saúde e, fundamentalmente, numa atenção centralizada ao usuário de drogas, valorizando a sua cidadania.


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