-- SantosJaque - 29 Aug 2012

Busco nesta pesquisa compreender as diretrizes e as formas de operacionalização do Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), no que diz respeito à inserção das tecnologias digitais nas escolas do campo, através da análise dos seus documentos oficiais, bem como do movimento social que se constituirá em torno do mesmo para compreender os limites e potencialidades do Pronacampo para a incorporação das tecnologias digitais nas escolas do campo. Nesse espaço vou compartilhar os dados,impressões,reflexões e análises realizadas durante a pesquisa.

Levantamento de dados

O Programa Nacional de Educação do Campo- PRONACAMPO foi lançado pelo governo federal com o objetivo de oferecer apoio técnico e financeiro aos estados, Distrito Federal e municípios para implementação da política de educação do campo, a presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.Segundo o (MEC, 2012) "O programa atenderá escolas rurais e quilombolas. No campo, 23,18% da população com mais de 15 anos é analfabeta e 50,95% não concluiu o ensino fundamental. O Pronacampo baseará suas ações em quatro eixos: gestão e práticas pedagógicas, formação de professores, educação de jovens e adultos e educação profissional e tecnológica. Uma das ações previstas é a educação contextualizada, que promova a interação entre o conhecimento científico e os saberes das comunidades." Percebemos que uma das ações do programa refere se `educaçao tecnológica, um passo importante que potencializa a inserção das tecnologias digitais nas escolas, mas cabe perguntarmos qual a concepção de educação tecnológica? Uma educação que tem como objetivo formar sujeitos críticos, ativos autores e coautores capazes de produzir conhecimento tendo a escola como produtora de conhecimento,e não como reprodutora de conteúdos? Ou trata-se de uma formação para o mercado de trabalho? Com cursinhos aligeirados, com a utilização de softwares proprietários? Vamos continuar o levantamento e no final podemos comparar os dados e responder essas questões.

Mais de três milhões de estudantes receberão material didático relacionado à realidade do campo, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD Campo). O Programa Nacional de Biblioteca da Escola (PNBE) atenderá professores e estudantes, ao oferecer obras de referência sobre as especificidades do campo e das comunidades remanescentes de quilombos. O programa Mais Educação, de apoio à educação integral, oferecerá atividades de acompanhamento pedagógico, práticas vinculadas a agroecologia, iniciação científica, direitos humanos, cultura e arte popular, esporte, lazer, memória e história das comunidades tradicionais. A meta é atender 10 mil escolas com educação integral até 2014. (MEC, 2012).

O programa Mais Educação, de apoio à educação integral, oferecerá atividades de acompanhamento pedagógico, práticas vinculadas a agroecologia, iniciação científica, direitos humanos, cultura e arte popular, esporte, lazer, memória e história das comunidades tradicionais. A meta é atender 10 mil escolas com educação integral até 2014. Educação integral? Qual a concepção de educação integral está imbricada neste processo?

No que se refere à formação de professores, receberá atenção especial, com oferta de aperfeiçoamento para professores do campo e de escolas quilombolas. Além disso, o Pronacampo apoiará a oferta de formação inicial, continuada e pós-graduação para professores, gestores e coordenadores pedagógicos que atuam na educação básica do campo, para tanto para reforçar a formação de professores, serão oferecidos cursos de licenciatura em educação do campo pelas instituições públicas de ensino superior. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) expandirá 200 polos para atender os professores do campo e serão destinados recursos de apoio à manutenção dos polos por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola. Percebemos que para funcionar de forma eficaz vários programas são citados a depender do eixo. Cabe analisarmos no desenrolar quais articulações serao feitas para que de fato funcionem.

O quarto eixo do Pronacampo trata da infraestrutura física e tecnológica das escolas. Até 2014, o programa apoiará a construção de três mil escolas, obras de infraestrutura e a aquisição de oito mil ônibus escolares.Além da estrutura física, o Pronacampo promoverá a educação digital e o uso pedagógico da informática nas escolas do campo e quilombolas. Também está prevista a instalação de recursos digitais em 20 mil escolas até 2014. Qual concepção de educação digital? Uso pedagógico da informática?

Políticas Públicas

Leituras para contribuir com nossas discussões e análises

Políticas de formação de educadores(as) do campo- Autor Miguel Arroyo Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622007000200004

Segundo o autor "A formulação de políticas educativas e públicas, em geral, pensa na cidade e nos cidadãos urbanos como o protótipo de sujeitos de direitos. Há uma idealização da cidade como o espaço civilizatório por excelência, de convívio, sociabilidade e socialização, da expressão da dinâmica política, cultural e educativa. A essa idealização da cidade corresponde uma visão negativa do campo como lugar do atraso, do tradicionalismo cultural. Essas imagens que se complementam inspiram as políticas públicas, educativas e escolares e inspiram a maior parte dos textos legais. O paradigma urbano é a inspiração do direito à educação". Outro ponto que destaco desse texto de Arroyo é a questão das políticas de nucleação das escolas do campo. "As políticas de nucleação de escolas e de transporte das crianças e adolescentes do campo para as escolas das cidades radicalizaram essa prática e esse paradigma urbano. Os profissionais não teriam que se deslocar ao campo por umas horas e trabalhar nas precárias e dispersas escolas rurais, nem seria mais necessária qualquer adaptação à realidade rural, os alunos são deslocados para as escolas urbanas, com professores urbanos e colegas urbanos. As crianças, adolescentes ou jovens do campo esqueceriam sua identidade e cultura para serem socializados junto à infância, adolescência e juventude urbanas, com identidade e cultura urbanas. Políticas que expressam o total desrespeito às raízes culturais, identitárias dos povos do campo. Nem sequer a velha tradição de adaptar as políticas e normas à realidade rural teria mais sentido.

Interessante também o destaque feito pelo autor no que se refere à educação como direito de todos "As ênfases dadas à educação como direito universal de todo cidadão significam uma grande conquista, desde que avancemos no reconhecimento das especificidades e das diferenças". "Os direitos não são construções acabadas, estão em permanente reconfiguração, na medida em que são construções históricas. Foram construídos em tensões sociais, políticas e culturais, refletem interesses locais, de grupos. Os movimentos sociais como coletivos de interesses organizados colocam suas lutas no campo dos direitos, não apenas de sua universalização, mas também de sua redefinição. Concretizam, historicizam e universalizam direitos que, sob uma capa de universalidade, não reconhecem a diversidade, excluem ou representam interesses locais, particulares, de um protótipo de ser humano, de cidadão ou de sujeitos de direitos. Os movimentos sociais não apenas reivindicam ser beneficiários de direitos, mas ser sujeitos, agentes históricos da construção dos direitos. Estamos em um tempo propício à reconstrução dos direitos."

"a defesa da escola pública do campo e no campo se contrapõe a toda política de erradicação da infância e adolescência de suas raízes culturais, de seu território, de suas comunidades, dos processos de produção da terra e de sua produção como humanos. Escola do campo, no campo. A escola, a capela, o lugar, a terra são componentes de sua identidade. Terra, escola, lugar são mais do que terra, escola ou lugar. São espaços e símbolos de identidade e de culturaa defesa da escola pública do campo e no campo se contrapõe a toda política de erradicação da infância e adolescência de suas raízes culturais, de seu território, de suas comunidades, dos processos de produção da terra e de sua produção como humanos. Escola do campo, no campo. A escola, a capela, o lugar, a terra são componentes de sua identidade. Terra, escola, lugar são mais do que terra, escola ou lugar. São espaços e símbolos de identidade e de cultura". A política de nucleação e de transporte de alunos do campo para as escolas urbanas desestruturou ainda mais os poucos avanços que vinham acontecendo na configuração de uma rede escolar no campo.

Notícias sobre as Escolas do Campo

Escolas da zona rural sofrem com infraestrutura precária

Disponível em: http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/noticias/22214/escolas-da-zona-rural-sofrem-com-infraestrutura-precaria/

Percebemos que em relação ao acesso às escolas "No Pronacampo, o Governo Federal tem o objetivo de melhorar o acesso às escolas do campo e de comunidades quilombolas por meio do Programa Caminho da Escola. A ideia é disponibilizar oito mil ônibus, duas mil lanchas e 180 mil bicicletas e capacetes." Os especialistas reforçam que a necessidade de se melhorar o sistema. “A escola sozinha não dá conta da dinâmica do campo. É necessária a construção de políticas Interinstitucionais, que unam secretarias e ministérios, e o transporte escolar é um exemplo disso. O investimento é altíssimo e as crianças às vezes passam quase duas horas dentro do veículo, em estradas de terra”, diz Cristina Ehrhardt, pesquisadora de Educação do campo e secretária municipal de Educação de Curitibanos (SC). A cidade tem 9,2% de sua população vivendo na zona rural.Ela destaca que a ida de algumas crianças para escolas da zona urbana é, muitas vezes, defendida pelos próprios pais. “Isso ocorre porque esse aluno é a única ponte da família com a cidade, onde há ônibus de linha, farmácias, correios e mercados, por exemplo. Esses serviços não existem em muitos lugares do campo”, explica ela. “É por isso que só vamos avançar com políticas intersetoriais.”

MANIFESTO A SOCIEDADE BRASILEIRA primeira impressão....................

Disponível em http://www.mst.org.br/Veja-o-manifesto-do-Forum-Nacional-de-Educacao-do-Campo

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