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A Tarde - 11/04/2006

O Futuro da Ufba

Nelson Pretto diretor da Faculdade de Educação da Ufba - www.unidiversidade.ufba.br?

A Universidade Federal da Bahia, como acontece a cada quatro anos, entra em processo de escolha da sua nova administração superior. Este é um momento que, de certa forma, envolve a muitos, tanto em Salvador quanto em toda a Bahia. Em passado bem recente, a escolha de um reitor ocorria com a chancela dos dirigentes máximos da política local, que assim exerciam influência direta nos destinos da única instituição pública federal no Estado àquela época.

A luta pela indicação do novo reitor passava por todos os gabinetes fora da Ufba e era decidida em Brasília à revelia da comunidade universitária que, mesmo não se deixando silenciar, protestando até onde podia, não revertia esta situação. Isso mudou! Felizmente hoje, o procedimento é mais democrático – embora ainda problemático –, a nova administração é escolhida pela comunidade constituída pelos docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes.

Avançamos, sem dúvida, mas falta muito para termos um processo, de fato, representativo da vontade do coletivo da universidade. Precisamos buscar e implementar a eleição plena dos dirigentes máximos desta instituição a partir do seu próprio interior, o que, necessariamente, implica em ações mais radicais, a exemplo da paridade de votos nas três categorias citadas; isso porque é especial a natureza desta instituição secular denominada universidade.

Além da responsabilidade de produzir conhecimentos e divulgar culturas – e não somente ela, é bem verdade! –, a universidade se constitui como um dos elementos-chave da produção da crítica na sociedade. Sua autonomia é, portanto, não apenas importante, mas fundamental. A universidade e sua administração superior não podem, a ponto de comprometer a sua autonomia, estar vinculada a governos ou ao mercado, que insiste em querer transformar tudo em mercadoria, inclusive a educação.

As propostas dos postulantes aos cargos de reitor e de vice-reitor estão postas na Ufba. Entretanto, desta vez, vivemos o processo eletivo marcado por uma particularidade: há pouca discussão e pouco espaço para a apresentação das propostas que efetivamente diferenciam as três chapas concorrentes. Mesmo com essas dificuldades que comprometem o processo democrático, anunciamos à comunidade da Bahia a nossa candidatura e a do professor Dirceu Martins à Reitoria e vice-Reitoria da Universidade Federal da Bahia.

Por uma questão de princípio, nosso movimento busca valorizar a Ufba e a sociedade baiana, através da instalação de um processo que abra espaço e dê voz aos diversos segmentos da nossa sociedade, de todas as partes do Estado, a partir de um fortalecimento do ensino, da pesquisa e da extensão, tendo a cultura e a educação como forças motrizes.

A universidade vive e sobrevive produzindo conhecimentos e saberes, apesar dos governos de plantão na própria universidade e no País. Felizmente é assim, o que reforça a importância de sua autonomia plena! Basta lembrar que durante os tempos duros da ditadura militar, quando fomos severamente perseguidos, muito vasta foi a sua produção e exemplar a formação de tantos profissionais, resultando na resistência àquele regime e efetiva colaboração no processo de redemocratização do País.

Para fazer jus à sua história de produção, lutas e resistências, um plano de gestão para a Ufba deve contemplar, basicamente, princípios que garantam a atuação de diversas unidades, setores e grupos para que possam, de forma democrática, atuar e propor aos conselhos superiores – estes fortalecidos! – os passos e as possibilidades futuras de ação. Cabe à administração central catalizar tais processos, viabilizando o andamento dos projetos existentes, estimulando e provocando o surgimento de tantos outros, que terão de ser, prioritariamente, conduzidos pelas unidades e pelos docentes e não pela administração central.

Queremos, desde já, abrir um caminho de diálogo entre as demais universidades públicas de nosso Estado. Fica feito o convite para, a partir de agora, pensarmos em um plano interinstitucional para que o ensino, a pesquisa e a extensão universitárias, em nosso Estado, possam ser realizados de forma complementar e articulada entre Uesb, Uesc, Ufes, Uneb, Cefet, UFRB, Univasf, Fiocruz, escolas agrotécnicas federais e a Ufba. Tal proposta visa à modificação radical da lamentável situação educacional da Bahia. Temos menos de 8% da população de 18 a 24 anos cursando o ensino superior.

A Ufba, pelos seus 60 anos, tem a responsabilidade de, humildemente, pautada no presente e vislumbrando o futuro, colocar-se à disposição das outras instituições para a produção coletiva das tão necessárias mudanças educacionais que o nosso povo espera.


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