Darci Ribeiro

Darci Ribeiro nasceu na cidade de Montes Claros (MG) no dia 26 de outubro de 1922, filho de Reginaldo Ribeiro dos Santos e de Josefina Augusta da Silveira Ribeiro. Em 1939 ingressou na Faculdade de Medicina. Entretanto, sem vocação para a carreira médica, abandonou a faculdade em 1943 e ingressou na Escola de Sociologia e Política (SP), graduando-se em 1946.

Em 1947 ingressou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI), travando contato com o marechal Cândido Mariano Rondon, então presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio. Nos anos seguintes, seus estudos etnológicos levaram-no a viver longos períodos entre comunidades indígenas. Por sua iniciativa foi inaugurado em 1953, no Rio de Janeiro, o Museu do Índio. Outro importante momento de seu trabalho no SPI foi a formulação de um projeto para a criação do Parque Indígena do Xingu, que viria ser implantado anos mais tarde sob a direção dos indianistas Orlando e Cláudio Vilas-Boas.

Com a eleição de Juscelino Kubitschek em outubro de 1955 para a presidência da República, Darci Ribeiro foi convidado a colaborar na elaboração das diretrizes para o setor educacional do novo governo, trabalhando com o pedagogo Anísio Teixeira. Nessa época deixou a direção da seção de estudos do SPI e passou a integrar o corpo docente da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

Designado por Anísio Teixeira, passou a dirigir em 1957 a divisão de estudos sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), vinculado ao Ministério da Educação. Em 1959, por decreto presidencial, Darci foi encarregado de planejar a montagem da Universidade de Brasília (UnB). Em 1961, com a inauguração da UnB, foi nomeado seu primeiro reitor. Em agosto de 1962 assumiu o Ministério da Educação e Cultura, deixando a reitoria da UnB, onde foi substituído por Anísio Teixeira. Em janeiro de 1963, por ocasião do retorno do país ao regime presidencialista, deixou o Ministério para assumir a chefia do Gabinete Civil da Presidência da República.

Em 1964, o agravamento da crise político-institucional culminou com a deflagração do movimento político-militar que depôs o presidente Goulart em abril. Nessa ocasião, Darci foi um dos poucos membros do governo a tentar organizar uma resistência em defesa do regime democrático. Foi destituído de seus direitos políticos pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1) e demitido de seus cargos de professor da Universidade do Brasil e de etnólogo do SPI.

No exílio, lecionou antropologia na Universidade da República Oriental do Uruguai, em Montevidéu.Em 1968, os processos que lhe eram movidos no Brasil pelo novo regime foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal, o que lhe possibilitou retornar ao país em outubro. Por essa época, no entanto, acirrava-se o clima de polarização política entre o governo e a oposição, culminando com a edição do Ato Institucional nº 5(AI-5) em13 de dezembro. Logo em seguida à edição do ato, Darci foi preso e indiciado sob a acusação de infringir a Lei de Segurança Nacional. Permaneceu detido em unidade da Marinha até setembro do ano seguinte, quando foi afinal julgado e absolvido pela Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro.

Em seguida voltou a deixar o país, fixando-se em Caracas, na Venezuela e, posteriormente, transferindo-se para o Peru. Em dezembro de 1974, vítima de um câncer pulmonar, foi autorizado pelo governo brasileiro a voltar ao país. Permaneceu no Brasil durante apenas seis meses e retornou ao Peru. Em 1976 retornou definitivamente ao Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Em 1979, com a anistia, foi reintegrado ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde assumiu o cargo de diretor-adjunto do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Em novembro seguinte filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Em março de 1982 Darci Ribeiro foi lançado candidato a vice-governador do Rio de Janeiro na legenda do PDT, na chapa vitoriosa encabeçada por Leonel Brizola. Empossado como vice-governador, acumulou ainda no novo governo o cargo de secretário estadual de Ciência e Cultura, além de coordenar o Programa Especial de Educação, cuja principal meta era a implantação dos centros integrados de Educação Pública (CIEPs).

Em maio de 1987, convidado pelo governador Newton Cardoso, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Darci Ribeiro assumiu a secretaria extraordinária de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, abandonando o cargo em setembro. Em outubro de 1990 foi eleito senador pelo estado do Rio de Janeiro na legenda do PDT, no mesmo pleito que reconduziu Leonel Brizola ao comando do Executivo fluminense. Darci tomou posse no Senado em fevereiro do ano seguinte, para aquele que seria o único mandato legislativo de toda a sua trajetória política.

A par de sua atividade como senador, continuou colaborando com a administração de Leonel Brizola no governo do estado do Rio de Janeiro, e em setembro de 1991 licenciou-se de seu mandato no Senado para assumir a secretaria estadual de Projetos Especiais de Educação do governo fluminense. Em 1992, de volta ao Senado, votou favoravelmente à abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor. Posteriormente, concentrou sua atividade na elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Aplaudida pelo ministro da Educação Paulo Renato Sousa, a nova LDB foi aprovada pelo Congresso em dezembro de 1996 e sancionada no mesmo mês pelo presidente Fernando Henrique Cardoso que, em homenagem ao senador fluminense, batizou-a de Lei Darci Ribeiro. Durante o ano de 1996 manteve uma coluna semanal no jornal Folha de S. Paulo e recebeu inúmeras homenagens. Manteve por toda a sua trajetória o gosto pela polêmica e pelo combate político.

Casou-se com a antropóloga Berta Gleiser Ribeiro, co-autora de alguns de seus trabalhos sobre os indígenas, e posteriormente com Cláudia Zarvos. Não teve filhos. Faleceu em 17 de fevereiro de 1997, na capital federal.

Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001