CETAD UFBA

"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

Drogas Sintéticas e Policonsumo são tendências na Europa

Reprimir a oferta de drogas ilegais podem, em vez de combater, motivar novas tendências de consumo e de comercialização. Este alerta está presente no Relatório Anual 2011 do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), publicado no mês passado, e que traz dados dos dois últimos anos sobre o mercado de entorpecentes na Noruega, União Européia e países candidatos como a Croácia e Turquia.

Policonsumo e as legal highs

O documento revelou aumento relativo no nível de consumo de drogas, porém, dentro de uma escala global e a longo prazo, percebe-se a estabilização no consumo de substâncias como cocaína, cannabis e ópio. A evolução do mercado de drogas sintéticas ou legal highs, também continua sendo motivo de preocupação, com um recorde de 41 novas substâncias catalogadas em 2010, comercializadas principalmente através de lojas virtuais.

Um dos maiores desafios apontados no texto, no entanto, é um padrão denominado no documento como policonsumo de drogas, ou seja, "a associação de drogas ilícitas ao álcool e, por vezes, a medicamentos e substâncias não controladas". Esse quadro, assim como o surgimento de novas substâncias, podem ser reflexos de medidas de redução de oferta, o que leva os produtores e traficantes a se adaptarem às regras de cotrole e a disponibilizar alternativas às drogas que estão em situação de escassez, como o ópio, por exemplo.

Tratamento assistido e redução de danos


Apesar de não apresentarem ainda uma metodologia de tratamento adequada para este novo padrão de consumo, o texto diz que os serviços de tratamento e atenção à saúde tem apresentado experiências inovadoras, como a adoção de estratégias de redução de danos e do tratamento assistido com heroína, este que se tornou objeto de estudo por parte do EMCDDA.
Medidas como estas podem ser instrumentos eficazes no combate a dois problemas enfrentados na Europa, quando se trata da questão de saúde dos usuários. O risco crescente de surtos de HIV, resultante da situação de vulnerabilidade motivada pela crise econômica que esta região atravessa, é um desses problemas.

Mortes por overdose

De acordo com a EMCDDA, "os antecedentes históricos são claros: se existem condições para tal, as infecções por HIV relaionados com a droga podem propagar-se rapidamente em comunidades vulneráveis".
Outro desafio é o índice de morte por overdoses, que tem se mantido estável, apesar do aumento de oferta de tratamento. "Não obstante o enorme aumento da disponibilidade de tratamento ao longo dos anos, o número de mortos por overdose de drogas na Europa tem se mantido estável".
Uma das saídas estudadas para este desafio tem sido o redirecionamento do trabalho para situações de risco para consumidores de opiáceos, como o abandono do tratamento e a saída da prisão.


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